As mudanças climáticas têm cada vez mais pressionado produtores rurais, impactando a produtividade, renda e volatilidade de preços. Conheça a Agricultura que estará transformando as práticas de sustentabilidade agrícola, construindo um Agro resiliente e carbono positivo.
Você já ouviu falar sobre Agricultura Regenerativa? O mundo agrícola engloba uma variedade de terminologias que descrevem práticas, abordagens ou princípios que podem deixar o leigo em confusão. Por exemplo, como a agricultura regenerativa difere da convencional? E como o regenerativo é diferente do orgânico e da agrofloresta? Nessa coluna vamos entender como essa prática tem conquistado o interesse de muitos agricultores, empresas corporativas, investidores e gestores de fundos ESG no mundo todo.
Os danos das práticas atuais de uso da terra
Mudanças climáticas, perda de biodiversidade e degradação de terras agrícolas têm atingido escala global. A humanidade está enfrentando enormes desafios ambientais que estão intimamente relacionados à forma como usamos nossas terras. Nossas práticas atuais de manejo ameaçam a resiliência e fertilidade do solo para produção de commodities que atendam a demanda global, conforme nossa população mundial tende a crescer. E para garantirmos segurança alimentar para as próximas gerações precisamos agir, e rápido, para reverter o cenário climático.
Aqui estão alguns fatos relacionados às práticas atuais de uso da terra para agricultura:
Se não protegermos e regenerarmos o solo em nossos 4 bilhões de hectares de terras cultivadas, 8 bilhões de hectares de pastagens e 10 bilhões de hectares de terras florestais, será impossível alimentar o mundo, manter o aquecimento global abaixo de 2 graus Celsius ou interromper o colapso de biodiversidade.
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Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, bem como o Acordo de Paris de 2015, destacam que precisamos melhorar a forma como gerimos a agricultura. As emissões precisam ser reduzidas, o carbono precisa ser estocado no solo, enquanto a perda de biodiversidade, a desertificação e a degradação da terra precisam ter um fim.
Acreditamos que a Agricultura Regenerativa tem o potencial para atender essa necessidade. Produzindo mais alimentos, sequestrando mais CO2, aumentando a biodiversidade e regenerando terras vulneráveis. Ao mesmo tempo, aumenta a renda dos agricultores, melhora suas condições locais e cria uma paisagem mais resiliente para uma produção estável. A Agricultura Regenerativa contribui para 9 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Assembleia Geral das Nações Unidas.
O termo “regenerativo” se tornará o novo “sustentável”, pois vai além de nos tornarmos apenas uma sociedade sustentável. O que isso significa? O que difere o “regenerativo”?
A imagem abaixo descreve “Sustentabilidade como uma ponte e regeneração como o destino”. Por definição, a sustentabilidade visa a manutenção de um determinado estado. No entanto, nos tempos atuais, habitamos um mundo que já foi significativamente alterado pelas atividades humanas. A regeneração, por outro lado, descreve a noção de repor o que foi explorado e reconstruir o que foi danificado. Em outras palavras, sustentabilidade tem como objetivo neutralizar o impacto gerado no passado, enquanto a regeneração maximiza impacto positivo.
Mas claro, precisamos passar por um período de transição entre sustentabilidade e regeneração, e isso leva tempo. Mas para utilizarmos nossos recursos e capital de forma eficiente hoje, o impacto seria muito maior se investíssemos em iniciativas de regeneração. Para atingirmos o equilíbrio climático no planeta terra devemos estabelecer metas ambiciosas e tangíveis.
Em termos práticos, essa diferença pode ser melhor visualizada pelo exemplo em solos agrícolas. Desde a revolução verde iniciada por volta dos anos 1950 e 60, as práticas agrícolas foram amplamente intensificadas, o que levou à exploração contínua dos solos. Até agora, cerca de 38% das terras agrícolas globais são afetadas pela degradação. Enquanto uma abordagem sustentável para o manejo do solo implicaria em manter um estado estacionário sem maiores danos, uma abordagem regenerativa teria como objetivo reabastecer ativamente a saúde do solo.
A Agricultura Regenerativa foi criada nos anos 80 por um americano chamado Robert Rodale, fundador do Rodale Institute. Seu objetivo foi recuperar o conhecimento indígena sobre práticas baseadas na natureza e conecta-lo ao conhecimento científico que temos hoje, para assim produzirmos culturas agrícolas em escala sem prejudicar o meio ambiente a longo prazo.
A Agricultura Regenerativa é um sistema baseado em processos naturais, selecionando estrategicamente espécies de serviço no sistema como por exemplo: capim mombaça, brachiaria, crotalaria e árvores específicas para produção de bioinsumos locais, diminuindo a dependência externa e o consumo de água. Enquanto, a agricultura convencional exaure o solo, pressiona os ecossistemas e depende cada vez mais de defensivos químicos, deixando o agricultor em uma situação sócioeconômica vulnerável.
5 princípios da Agricultura Regenerativa:
Em resumo, a agricultura regenerativa atua sobre a premissa de melhorar ativamente o bem estar do solo, os ciclos da água, a biodiversidade, a saúde do ecossistema, os ciclos do carbono e a resiliência sócioeconômica. Utilizando espécies perenes com raízes profundas consorciadas para resiliência climática e controle de erosão do solo.
Agricultura Orgânica já é um grande avanço para sistemas agrícolas mais sustentáveis, porém, muitas delas, ainda produzem em monocultura e são dependentes de insumos externos. Apesar de utilizar insumos orgânicos, os chamados bioinsumos, acaba gastando muito recurso, energia e emissão de carbono para realizar essa operação. Agricultura Orgânica, portanto, é uma prática que foca na sustentabilidade. Enquanto a Agricultura Regenerativa e Agrofloresta são práticas que focam na regeneração.
Agrofloresta é uma prática agrícola que produz alimentos em harmonia com as florestas. Imitando os processos do ecossistema florestal para produção de alimentos e outros fins. Diversificando sua produção para obter uma resiliência maior no sistema e consequentemente aumentando a renda e melhorando as condições de vida do agricultor. Agrofloresta é uma prática dentro do guarda-chuva da Agricultura Regenerativa.
Agricultura Regenerativa engloba diferentes práticas agrícolas como Agrofloresta, Agroecologia, Agricultura Sintrópica e outras. O termo regenerativo veio para focar no objetivo comum: a regeneração do solo para mitigação climática.
// Fonte: Um Só Planeta
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Nosso sistema produtivo leva em consideração a preservação da entomofauna, contribui para a agricultura regenerativa e com a descarbonização da economia.